Para compreender o texto de Melitão, é necessário recapitular a história da Páscoa. A festividade se iniciou com os hebreus sob o nome de Pessach (פסח, “passagem”), dedicada a lembrar do Dia da Libertação, quando o povo foi resgatado do cativeiro na terra do Egito e conduzidos a sua própria terra, como registrado no livro de Êxodo (שְׁמוֹת, “Shemot”).
Após 400 anos de servidão, o Senhor escolheu a Moisés para conduzir o povo a Terra Prometida (Ex 3:7-10) e junto a seu irmão Arão inicia um clamor incessante ao faraó (Tutemés III ou Ramsés II, dependendo da teoria) para que libertem o povo e obstinadamente o governante nega (Ex 7:14). Como todos sabemos, o Senhor manda dez pragas para assolarem a terra egípcia e forçarem o faraó aceitar, que continua a negar para que Deus manifeste seus prodígios na Terra (Ex 9:12,16) até que chega a maior delas, a morte dos primogênitos (Ex 11:1,4-10).
O Senhor passou com o Anjo da Morte (por essa razão, a festa é chamada Passagem) ceifando a vida dos primogênitos egípicios e ordenou que para os hebreus serem protegidos deveriam separar um cordeiro ou cabrito sem defeito para a sua família e seguir a seguinte instrução:
O animal escolhido será macho de um ano, sem defeito. Guardem-no até o décimo quarto dia do mês, quando toda a comunidade de Israel irá sacrificá-ló, ao pôr do sol. Passem, então um pouco de sangue nas laterais e nas vigas superiores das portas casas nas quais vocês comerão o animal. (…) Está é a Páscoa do Senhor (Ex 12:5-7,11b)
Logo após o Senhor reforça que executará os primogênitos egípicios para impor juízo sobre os deuses do Egito, proclamando que ele é o Senhor (Ex 12:12-13). Por essa razão:
Esse dia será um memorial que vocês e todos os seus descendentes celebrarão como festa do Senhor. Celebrem-no como decreto perpétuo (Ex 12:14)
O povo israelita manteve a festa da Páscoa ao longo de toda a sua história, seguindo as prescrições contidas na
Torá,
proclamando a salvação trazida pelo Senhor como Ele ordenou. O próprio Jesus Cristo, sendo judeu, seguia a festa judaica (Lc 2:41-51) e seu últimos momentos de vida ocorreram na semana dos pães sem fermento, festa de sete dias que acompanhava a Páscoa (Jo 13:1-30). No dia do sacrifício do cordeiro pascal, Cristo ordenou a seus discípulos que preparassem toda a ceia e a tomou junto deles, dando graças pelo pão e proclamando “Tomem;
este é o meu corpo dado por vós” e consagrando o vinho dizendo “Este é o
meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos” (Mc 14:12-26).
Dessa forma, Cristo premeditou a sua morte que ocorreria na sexta-feira, quando foi julgado pelas autoridades romanas e crucificado em favor de nossos pecados (Mc 15:21-40; Mt 27:32-44; Lc 23:26-43). Ali o Senhor Jesus renovou a promessa de libertação vinda do Senhor e a expandiu a todos os outros povos, atuando como o sacrifício de propiciação necessário a nossa salvação (Rm 3:25) e efetivando a justificação por meio da fé tanto aos judeus quanto aos que antes não compunham o povo de Deus (Gl 4:4-6), iniciando uma Nova Aliança.
Quanto Cristo veio como sumo sacerdote dos benefícios agora presentes, ele adentrou o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito pelo homem, isto é, ão pertencente a esta criação. Não por meio de sangue de bodes e novilhos, mas pelo seu próprio sangue, ele entrou no lugar Santíssimo, de uma vez por todas, e obteve eterna redenção (Hb 9:11-12)
Melitão de Sardes
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Saint Melito, Bishop of Sardis, Mary Evans Picture Library
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Esse era o grande ponto do bispo Melitão. Não temos tantas informações sobre sua vida e não temos uma data de seu nascimento, mas sabemos que há uma carta de Polícrates, bispo de Éfeso, para o bispo romano Vitor, registrada por Eusébio de Cesaréia, onde ele é mencionado como o “eunuco que governou inteiramente no Espírito Santo, sediado na cidade de Sardes” [1], uma antiga cidade situada na região da Lídia.
A carta tinha a intenção de concentrar o apelo de Polícrates diante tradicional data da Páscoa, o entardecer do dia 14 do mês de Nisan, o primeiro mês (Lv 23:4-8). Os cristão ocidentais assumiram o costume de terminar o judeu que precedia a Páscoa apenas no Dia da Ressurreição, enquanto os orientais guardavam o dia original praticado pelos judeus [2]. A principal base de Polícrates em defender a segunda data é o fato de um grupo de sete bispos orientais chamados Sete Luzes da Ásia, guardarem essa data de acordo com a tradição apostólica e Melitão é um deles.
Esse é um fato importante, pois Polícrates determina esse grupo de bispos por serem todos relacionados com base na carne, ou seja, serem todos judeus como Paulo descreve em Romanos 9:3. Sendo assim, Melitão era judeu de nascimento e tinha conhecimento sobre a celebração pascal.
É descrito como um homem muito piedoso e o fato de ser eunuco, o que pode indicar uma preservação da castidade como celibatário, denota sua “lealdade e devoção fora do comum na rede de relações familiares dentro da igreja” [3]. É descrito como adepto da linguagem joanina e mesmo com suas raízes judaicas, traz traços contra judeus por se opor firmemente a fé judaica e culpá-los como responsáveis essenciais na morte de Cristo [4]. É semelhante como o Apóstolo João, “ambos judeu e anti-judeu” [5]
Peri Pascha
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Christ on the Cross, Léon Bonnat, 1874. Museé du Petit Palais |
Em torno dos anos 160-170 ele escreveu uma homília, uma espécie de sermão pregado após as leituras bíblicas nos cultos antigos, chamada Peri Pascha (Sobre a Páscoa), onde belamente enaltece a grandiosidade do mistério pascal.
“No centro da fé Cristã ergue-se Cristo, e Cristo estava no centro da fé proclamada, vivida e celebrada por Melitão” [6]. Ele nos fornece uma teologia que apresenta o caráter do Todo-Poderoso a partir de seus grandes feitos da Criação e Salvação. Fortemente sustenta a união de naturezas existentes em Cristo, vindo como Deus e homem, e aponta a Cristo explicitamente como o Senhor e Criador de todas as coisas, a Palavra Eterna destinada a expiar nossas iniquidades pelo seu sangue puríssimo.
Campbell Bonner sustenta sua doutrina como um “modalismo ingênuo” [7], especialmente por apresentar Cristo como “Filho na medida que é gerado e Pai na medida que gera” [8], uma expressão de seu denominado monoteísmo cristocêntrico como diria S.G. Hall [9]. Não obstante sua expressão confusa da Trindade, onde Cristo é Deus e Deus é Cristo, Melitão permanece ortodoxo, ou seja, fiel a doutrina padrão de seu tempo, onde a Trindade não estava firmemente estabelecida.
Ele expressa principalmente a dualidade contida no evento da Páscoa, especialmente pelo seu caráter antigo através dos hebreus e novo através de Cristo.
Amados, entendam como o mistério da Páscoa é tanto novo como antigo, eterno e provisório, perecível e imperecível, mortal e imortal. É antigo quanto a Lei e novo quanto a Palavra. Provisório quanto ao modelo, mas eterno pela graça. Perecível pela morte do cordeiro, imperecível pela vida do Senhor. É mortal pelo enterro na sepultura, imortal pela ressurreição dos mortos. [10]
Isso se manifesta na prática dos cristão da Ásia Menor que jejuavam no mesmo período em que os judeus começavam suas celebrações. [11] Enquanto eles comemoram a libertação trazida pelo Senhor séculos antes, os seguidores do Caminho entristeciam-se pela morte de Seu Mestre.
Muita da poesia foi perdida na tradução que fiz ao português, porém ele mostra a todos como o significado da Páscoa não se reteve no passado, mas eternizou-se pela graça de Deus, pelo sangue derramado de Nosso Senhor, poderoso especialmente por vir do próprio Soberano e Divino que percorreu uma vida de perfeição enquanto em nossa terra.
Porque ele nasceu como filho, foi conduzido como cordeiro, assassinado como ovelha, sepultado como homem e ressuscitou dos mortos como Deus, sendo Deus pela sua natureza e humanidade [12]
Melitão expressa uma teologia essencialmente litúrgica e traz a tona o entendimento judeu das festividades e lembranças não apenas como um retorno a memória, mas de fato, meios para trazer à realidade presente o passado distante, juntamente com suas bençãos e mensagem de esperança [13]. Unindo-se a retórica helenística, Melitão de fato revive a história da Páscoa, tanto a descrita entre Ex 11-12, quanto a oferta especial da carne do Salvador.
Toda a história de Cristo aponta para esse enorme acontecimento, o grande dever de substituir a condenação de toda a humanidade escolhida pelo Pai na eternidade.
Relembrando uma peça de teatro trágica da Grécia antiga, Melitão detalha os horrores das pragas, especialmente a perda dos primogênitos, denotando o contraste entre os ímpios e o povo de Deus, guarnecido pelo verter sacrificial do sangue do Cordeiro [14]
Está claro que [o anjo da morte] virastes vendo o mistério do Senhor no cordeiro, a vida do Senhor no assassinato do cordeiro e o tipo do Senhor na morte do cordeiro. Entretanto, não derrubastes Israel, mas tornou o Egito sem infantes. Quão estranho mistério, o Egito golpeado pela destruição e Israel guardada para a salvação? [15]
Melitão nos mostra que o anjo da morte se afastou graças ao derramar do sangue do cordeiro puro que trouxe salvação ao povo escolhido de Deus e institui um paralelo com a vida de nosso Senhor Jesus Cristo. A morte do cordeiro agiu como um tipo, um modelo de uma futura revelação superior, parte de um método exegético chamado tipologia histórica.
O apóstolo João apresenta uma perspectiva bem semelhante em Jo 3:14 e Jo 6:32, onde Cristo atua como a realização final da Lei e dos símbolos do Antigo Testamento. Isso traz um fundo de sabedoria filosófica, onde eventos na história ocorrem como prefiguração futuramente a ser iluminada no seu devido tempo, tal como um rascunho se tornará uma escultura, um método pedagógico muito interessante que se baseia em estudiosos estoicos dos mitos de Homero [16].
Era muito usado na Igreja Primitiva, provando a continuidade do Deus que concede as promessas entre o Antigo e o Novo Testamento e fica bastante claro no texto de Melitão quando diz “Nada, amados, é dito ou feito sem uma analogia ou um rascunho” [17].
A salvação do Senhor foi prefigurada entre o povo e a Lei foi escrita como uma analogia aos grandes mandamentos do Evangelho, a realização da Lei que repõe a obscura realidade [18].
O derramamento sacrificial do sangue e toda a Lei são abrangidos por Cristo numa nova e melhor dispensação, uma revelação superior [19]. Tudo o que foi dado ao povo hebreu lhes foi dado como exemplos provisórios de uma graça eterna, elucida dados de acordo com o avanço da realidade [20]. Ele não despreza o valor dos fatos passados porém eles se tornam insignificantes perante a nova dispensação do Cristo celestial [21].
Ainda que o assassinato do cordeiro foi valoroso, agora é nada devido a vida do Senhor. A morte do cordeiro foi valorosa, agora é nada devido a salvação do Senhor. O sangue do cordeiro foi valoroso, agora é nada devido ao Espírito do Senhor. (…) Uma vez a estreita herança foi valorosa, agora é nada devido a grandiosidade da graça [22]
Para compreender o verdadeiro significado da Páscoa, Melitão se concentra no que ela de fato consiste, o partilhar do sofrimento com o Senhor que descendeu dos mais altos céus afim de submeter-se a dor [23]. Para justificar essa vinda de Deus, o bispo parte desde a Criação e prossegue ao pecado original, quando a plena humanidade criada por Deus rompeu a sua pureza e incorruptibilidade para se submeter a tirania pecaminosa [24].
Os homens “foram fisgados pelo pecado tirânico e conduzidos a terra da sensualidade, onde se afundaram em prazeres insaciáveis” [25]. Aprofunda-se na corrupção e na terribilidade que o pecado nos trouxe [26], onde todo o corpo e toda alma foram tomados pela impiedade e destruição e as graças de Deus foram distanciadas de nosso alcance [27].
A imagem do Pai encontrava-se devastada e “por essa razão o mistério pascal é encerrado sobre o corpo do Senhor” [28]. O Senhor preparou a realização de Seu próprio sofrimento através dos profetas e patriarcas que o previram através dos oráculos de Deus e da Lei que lhes foi dada. O grande Mistério do Senhor foi proclamado em Jeremias, “Eu era como um cordeiro manso levado ao matadouro” (Jr 11:19) e por Davi, “Os reis da terra tomam posição e os governantes conspiram unidos contra o Senhor e contra o seu ungido” (Sl 2:2).
Ele nos resgatou da adoração do mundo como da terra do Egito, nos libertou da escravidão do Diabo como da mão do Faraó, selou nossas almas com seu espírito e os membros de nosso corpo com seu sangue [29]
Cristo é o nosso libertador, o nosso Moisés que nos tira da opressão e nos conduz ao Reino Eterno como parte de um novo sacerdócio [30]. Ele é a Páscoa da Salvação que encarnou na virgem, foi pendurado no madeiro e exaltado aos mais altos céus [31].
De sua ressurreição, restaurou toda a humanidade da morte espiritual [32]. Foi desonrado, negado, ignorado, blasfemado pelo povo consagrado que tomou como seu próprio tesouro (Dt 7:6), traído por aqueles que tanto amou [33].
Ó Israel sem-lei, que nova injustiça essa que fizeste, lançando sofrimentos ao seu Senhor? Seu mestre, quem os formou, quem os fez, quem os honrou, quem os chamou Israel [34]
Israel rejeitou o primogênito do Deus que fixou o mundo, determinou o firmamento, adornou a luz, limitou o abismo e formou da terra a humanidade [35]. Renegaram o Senhor que os libertou, ultrajando-o e matando-o.
Retoricamente, ele pergunta quem foi morto nesse terrível assassinato em Jerusalém e então responde:
Aquele que pendurou a terra foi pendurado. Aquele que fixou os céus no lugar foi fixado num lugar. Aquele que assentou as bases do universo foi assentado no madeiro. O mestre foi profanado. Deus foi assassinado. O Rei de Israel foi destruído pela mão israelita [36]
O mundo chorou por sua morte, os mais altos céus tremeram pelo assassinato do Senhor que se vestiu de humanidade para remir os seus filhos. Ele nos ofereceu graça imensurável e respondemos com desonra, povo ingrato digno de condenação. [37]. Melitão lamenta tamanha desgraça, proclamando “Ó mistificado assassinato, ó mistificada injustiça. O mestre se obscurece pelo seu corpo exposto” [38]
Atentaram contra a vida do Ungido, porém o Nosso Senhor se apresenta como superior a todo ataque das forças de Satanás. Como conquistador, retoma seu poderio sobre o mundo e a morte e esmaga o Hades como esplêndido vitorioso [39]. O Senhor reergue-se com sua majestade e proclama:
Venham a mim todos os povos que se adulteraram com o pecado pois receberão o perdão. Eu sou sua liberdade, eu sou a Páscoa da Salvação. Eu sou sua vida, sua luz, sua salvação, sua ressurreição, eu sou seu Rei [40]
No clímax de sua homília, Melitão reforça a insignificância dos ataques dos israelitas perante o Todo-poderoso, o Alfa e Ômega, o inefável começo e o incompreensível fim. “Esse é o Cristo, esse é o Rei, esse é Jesus” [41]
Conclusão
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The Resurrection of Jesus Christ, Paolo Veronese, 1570 |
O sofrimento e ressurreição de Nosso Senhor marcam o fundamento da fé cristã, verdades inabdicáveis que têm de ser proclamadas até o fim desta era. O nosso Salvador não se acha numa tumba mas ascendeu aos céus com toda a glória que lhe pertence, assim como estava profetizado desde os mais remotos escritos (Lc 24:44-47).
Encerro essa encorajadora publicação de Páscoa com as palavras de Nosso Cristo:
“É meu Pai que lhes dá o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é aquele que desceu do céu e da vida ao mundo” (Jo 6:32-33)
Graça e paz a todos vocês,
Luigi Bonvenuto.
REFERÊNCIAS:
[1] Ep. of Pol. to Vic., 1:6
[2] História Eclesiástica, V, XXIII
[3] On Pascha, p.8
[4] On Pascha, p.62-63, 92-93, 96
[5] Barret, Gospel of John and Judaism, p.71
[6] On Pascha, p.29
[7] Bonner, Homily, p.28
[8] On Pascha, 9
[9] Hall, The Christology of Melito, p.154-168
[10] On Pascha, p. 37, 2-3
[11] On Pascha, p.19
[12] On Pascha, 12
[13] On Pascha, p.34
[14] On Pascha, p.45, 30.
[15] On Pascha, p.45, 33-34
[16] On Pascha, p.32
[17] On Pascha, p.46, 35
[18] On Pascha, p.47, 39-40
[19] On Pascha, p.40, 6
[20] On Pascha, p.47, 41
[21] On Pascha, p. 48, 44
[22] On Pascha, p.48, 44-45
[23] On Pascha, p.48, 46
[24] On Pascha, p.48-46-48.
[25] On Pascha, p.50, 50
[26] On Pascha, p. 50-51, 51-53
[27] On Pascha, p.51-52, 54-56
[28] On Pascha, p.52, 56
[29] On Pascha, p.55, 67
[30] On Pascha, p.55, 68
[31] On Pascha, p.56, 70
[32] On Pascha, p.56, 71
[33] On Pascha, p. 57-58, 73-74
[34] On Pascha, p.60, 81.
[35] On Pascha, p.60-61, 82,86
[36] On Pascha, p.64, 96
[37] On Pascha, p.62, 90-91
[38] On Pascha, p.64, 97
[39] On Pascha, p.65, 102
[40] On Pascha, p.65, 103
[41] On Pascha, p.66, 105.
BIBLIOGRAFIA:
BARRET, C. K. The Gospel of John and Judaism. Londres: SPCK, 1975, p.71.
BONNER, Campbell. “The Homily on the Passion by Melitão bishop of Sardis and some fragments of the Apocryphal Ezekiel”. Londres: Christophers, 1940.
HALL, S.G. The Christology of Melito: A Misrepresentation Exposed. Berlim: Akademie, 1975, Studio Patrística, 13, p.154-168
SYKES, Alistair Stewart. “On Pascha, Melito of Sardis: With the Fragments of Melito and Other Material Related to the Quartodecimans”. Nova York: St. Vladmir’s Seminary Press, 2001